sábado, 14 de março de 2015

Comfort Hill Zone - 1


Quando começamos com a idéia de trabalhar desenvolvendo jogos, muitas coisas vem à nossa cabeça, mas depois de muita pesquisa, descobrindo o tempo nescessário de desenvolvimento, público alvo e retorno financeiro, geralmente se chega a conclusão de que fazer um minigame casual, simples, para android, com mecânicas já conhecidas e apenas mudando a concepção artística seria a opção mais clara. Essa seria a zona de comforto, onde nada se cria e nem tem cara de recreio. Não existe ousadia, apenas se joga no "seguro", repetindo fórmulas que já deram certo para um público novo que desconhece videogames.
É errado? não, aqui não existe certo ou errado, aqui existem pessoas que estão começando a fazer jogos e já querem ganhar "dinheiro", e para isso evitam criar coisas diferentes pensando cautelosamente em não afastar o público de seu futuro produto.
Mas até aonde isso é saudável para o mundo dos jogos e para os jogadores?.
Vendo do ponto de vista positivo, as vezes conseguimos ver evolução de um gênero justamente pela quantidade abundante de jogos iguais.As vezes a mudança de uma mecânica é crucial para o genêro melhorar e outros jogos também repetirem o que deu certo e tentarem se alimentar do que a matriz deixou nas bordas.
O lado negativo é a quantidade massiva de jogos iguais, gerando uma certa poluição, fazendo com que adotemos costumes como: seguir marcas que já conhecemos, considerar comentários sobre tal jogo em forums, recomendações, enfim, essa demanda acontece naturalmente, tem muita gente querendo fazer jogo igual aos que cresceram jogando mas poucas tentando melhorar o que já se conhece. Não tem como "consertar" isso. Não é de hoje que quantidade não é sinônimo de qualidade, mas há muitas pessoas que não acreditam nisso, poluindo o mercado.

Super Mario Bros (1985-NES) > Ultra Dario (2013-IOS)

Outra coisa que tem a ver com comforto são os temas que os jogos adotam, horas Medieval, Steampunk, Pós Apocalíptico ou Espacial, sem acrescentar algo novo nos temas (verdade, para não desagradar o público que quer explicação e sentido para tudo). Dificilmente se aborda assuntos mais adultos, com teor filosófico, ou com alguma critica sobre o mundo ao qual nos deixamos levar nossas vidas, como acontece em The Stanley Parable

Ser Stanley ou não ser, eis a questão.

Outro jogo interessante, este já testando seu lado emotivo é This War of Mine, jogo de origem verídica onde rebeldes da cidade estão em conflito com militares e você precisa sobreviver com recursos escassos, ao mesmo tempo que decidi quem deve ser ajudado e viver até a gerra acabar.


Fuck the War!

Embora as crianças que cresceram jogando jogos plataforma, hoje estão com 25, 30 anos, elas ainda continuam produzindo e consumindo a mesma coisa de quando com menos idade. Por que não fazer parte desse meio?, de melhorar a qualidade do produto, não esperar isso das grandes marcas, que em sua  maioria, depois que crescem só pensam no bolso dos clientes?. Fazem de tudo para ganhar o coração destes, até mesmo estragar uma franquia promissora ou vender um jogo aos pedaços como acontece com o novo Killer Instinct. É com os grandes que pequenos desenvolvedores aprendem, e os mesmo erros repetem.

Apesar de empresas grandes não quererem arriscar milhões em um jogo que pode dar errado, acredito que já gastaram menos e tiveram bons resultados, pelo menos para nós , jogadores.
Um caso conhecido é do Capcom (Capcom Japan), onde em 2004 abriu um pequeno estudio a parte, a Clover Studios.Um laboratório cujas suas experiências trouxeram jogos legais como Viewtiful Joe, Viewtiful Joe 2, O kami e God Hand.
Enquanto a Capcom cuidava de franquias conhecidas do público como Resident Evil, Street Fighter (MegaMan não,este ela não cuida faz tempo), a Clover tentava trazer algo diferente, com outros conceitos e fazendo um ótimo uso de gráficos cellshading.

Viewtiful Joe (Wii/Playstation 2)

Em 2007 a Clover Studio encerrou suas produções e todas suas criações agora fazem parte de franquias da Capcom.Embora de lá pra cá o que vimos dessas franquias adquiridas foram apenas participações em jogos de luta crossovers ou minigames, jogo novo que é bom, nada.
Com o fim da Clover Studios tivemos o surgimento da Platinum Games, que ainda com aquele espirito criativo faz jogos originais e traz novos personagens para o mundo dos games, como é o caso de Bayonetta, um jogo que traz aquela japoneszice difícel de encontrar em jogos de empresas grandes nos dias de hoje.


Bayonetta 2 (só para Wiiu, fala sério)

Bayonetta traz melhorias para o gênero hack and slash em se tratando de situações, gráficos, finalizações, além de uma personagem sensual que invoca seus poderes através dos seus negros fios de cabelo.É um jogo surtado com inimigos de ar gótico que lembram Castlevania e música japoronga. Típico jogo japonês, que por ter uma visão diferente sobre jogos, sempre nos brinda com novidades.Pois se temos algo a aprender com jogos japoneses é saber ousar e inovar.
Lá atrás Pacman mostrou o que era ser um jogo com carisma, sem necessidade de armas de guerra, e mais tarde Super Mario ditou como se fazia jogos, transformando a geração 8-bits uma escola de jogos plataforma, onde tivemos muitos jogos alcançando melhorias no gênero e cópias descaradas tentando ser algo que nunca seriam.
Para se trazer algo novo em um gênero além de criatividade é necessario pelo menos vergonha na cara.A escolha é sua, você quer durar para sempre ou achar que existe?.

 e aí, vamos fazer coisas boas ou vai de ruim de novo?


Todo mundo quer ser lembrado de forma positiva, ser uma referência, mas trabalhar com esse objetivo ninguém quer, não há esforço. A cada dia que passa, criar algo cem por cento original fica complicado pois existe o fato de alguém já ter inventado (devido ao inconsciente coletivo, o que na verdade aqui é o de menos importância), ou o de em alguma hora batermos nas nossas referências, naquilo que faz parte da nossa formação como jogador, mas nada que um pouco de paciência, bom senso e cultura não coloque equilibrio em nossas idéias, dosando em partes honestas tudo que se precisa para se fazer um bom jogo.

Nenhum comentário:

Visitors

free counters